DEFICIENTES AUDITIVOS PEDEM MAIS ATENÇÃO NO CENÁRIO DOS E-SPORTS

Por Daniel Ottoni

A presença de intérprete de libras, que tem aparecido com mais frequência em diferentes tipos de transmissões, é um pequeno sinal de que os olhares começaram a se voltar para os deficientes auditivos. No mundo dos e-sports, tal iniciativa também já acontece, mas ainda está longe de um cenário ideal para satisfazer este público.

A streamer Mila Ayleen, de 28 anos, nasceu surda e começou a usar aparelhos auditivos ainda nos primeiros anos de vida. Os esportes eletrônicos foram uma importante válvula de escape para ela passar o tempo. No entanto, ela precisou se contentar em não conseguir a devida interação com os jogos, vendo que pouco se pensava nos que tinham a mesma deficiência. 

“Ainda falta muita acessibilidade. Não há legenda em todos lugares e também não há intérprete de Libras. Tem muito youtuber que não legenda seus vídeos no canal, tem muito digital influencer no Instagram sem legendar stories e por aí vai. Temos eventos virtuais onde não se vê legendas e tampouco intérprete de Libras. O próprio CBLOL não tem legenda nas transmissões”, lamenta, referindo-se ao seu game favorito, ao lado de outros que marcaram sua infância como Sonic e Alex Kidd. 

Com tantos anos no mundo dos games, Mila reconhece que as mudanças têm acontecido, mas não na velocidade ideal. “Ainda tem um caminho longo para conquistarmos a Internet acessível. Mas, aos poucos, estamos vendo cada vez mais pessoas aderindo a acessibilidade, o que é ótimo. Mas ainda há muito o que melhorar. A acessibilidade ainda não tem a atenção que merece na internet e nem mesmo na vida real”, pontua.

Ela indica algumas iniciativas positivas que mostram que um novo caminho está começando a aparecer, mesmo que tardia, para que esta trajetória não tenha mais volta e possa seguir evoluindo para confirmar a inclusão de todos os tipos de públicos. “Recentemente vi uma organizadora de competição do Valorant usar legenda nas suas transmissões. Vários streamers adotaram legendas. Então é possível ver várias iniciativas e ligas que abraçaram a causa. Falta espalhar mais a força da legenda pra chegar em outros espaços virtuais. A comunidade surda, no geral, tem conseguido conquistar o espaço depois da gente muito implorar. E claro, a nossa parte a gente já faz. Agora falta a outra parte se mobilizar e abraçar a nossa causa”, coloca. 

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